domingo, 5 de outubro de 2008

Báu das recordações: Revisitando o 25 de Abril, como se fosse uma criança.

Um dos maiores desafios da minha vida teve inicio poucos dias antes do passado 25 de Abril. Tenho um irmão mais novo, que frequenta a escola primária, e nesse belo dia, com ele chegou um desafio - escrever uma composição sobre o 25 de Abril. Ora, como qualquer puto que se preze, o meu irmão não sabia rien dessa data, tirando uma ou duas coisas. Calhou a mim redigir essa composição, como se fosse da autoria de uma criança. Foi difícil, mas penso que consegui entrar no espírito. O melhor de tudo é que encontrei uma cópia desse texto, que passo a transcrever:

A Revolução dos Cravos aconteceu no dia 25 de Abril de 1974. Antes disso havia um regime chamado Estado Novo, famoso pelo seu presidente, Salazar. Em 1974, Salazar já tinha morrido, mas ainda havia o mesmo regime, um pouco menos duro, por causa do sucessor de Salazar, Marcelo Caetano.

A Revolução aconteceu porque os militares estavam descontentes com a guerra em África. Salazar insistia com a guerra, que parecia não ter fim. Depois de morrer, a guerra continuou por mais quatro anos, até acabar em 1974. Os militares de todo o país usaram os seus recursos para acabar com o regime, ficando conhecido este dia como o dia da Revolução dos Cravos porque os solados meteram cravos no cano das espingardas em sinal de paz.

Foi uma revolução pacífica. Morreram quatro pessoas em Lisboa, porque os agentes da PIDE atiraram sobre as pessoas que protestavam na rua. A PIDE era a polícia política do regime, muito temida pelas pessoas. Algumas pessoas chegaram a ser torturadas e perseguidas. Também havia a Censura, que controlava os livros e as noticias, e que cortava com um lápis azul as partes que o regime não queria.

Por causa destas coisas, as pessoas não gostavam das políticas de Salazar, mas Salazar ganhou o concurso para maior português de sempre, no ano passado, e eu achei muito estranho.

O 25 de Abril foi muito bom para a liberdade no país. Marcelo Caetano foi para o Brasil, e depois houve dois anos muito esquisitos. Em 1976 aparece uma Constituição para Portugal, que é a lei mais importante do país, mas até lá houve algumas confusões. Depois destas confusões, Portugal tornou-se num país livre, onde as pessoas podem dizer as suas ideias sem problemas e não ter medo da PIDE, porque também deixou de existir. Também passou a haver democracia, que é todas as pessoas com mais de 18 anos poderem votar, e também passou a haver vários partidos, que antes eram clandestinos. Por isso se diz que o 25 de Abril restaurou a democracia em Portugal.

Bem, depois disto, fiz figas para que a professora não fosse militante do PCP... creio que não era.

1 comentário:

Miguel Pereira disse...

Nunca o termo "confusões" foi usado tão eufemisticamente!